por que compramos mais do que conseguimos usar?
Se você é dessas pessoas que compra mais roupas do que consegue usar, saiba que não está sozinha e no texto de hoje, eu vou trazer alguns insights que tirei do livro “E foram magros e felizes para sempre?”, da psicóloga Elisabeth Wajnryt - e algumas dicas práticas para lidar com isso também.
O livro fala sobre compulsão alimentar, mas comprei com o objetivo de pensar a nossa relação (e possíveis saídas) sobre o consumo excessivo. Se você me acompanha, sabe que eu estudo temas diversos, porque eu atendo que nossa relação com o armário, raramente é só sobre roupas.
Eu sei, parece um pouco maluquice, mas eu acho muito rico deslocar os conhecimentos dessa maneira. Sempre me rende insights muitos bons e isso faz com que eu consiga pensar de maneira menos linear e mais criativa! E, de fato, o livro rendeu bons aprendizados.
Vou trazer alguns deles pra cá já, pensando em consumo excessivo.
Quando falamos sobre compulsão, nos referimos a critérios qualitativos:
Ela fala no livro que o que define a compulsão é muito menos a quantidade e muito mais a qualidade do ato. Pensando em compras, estaria muito mais relacionado a como se compra, em que circunstâncias, como a pessoa se sente em relação ao ato de comprar e como esse ato é sentido depois que ele acontece.
Em geral, a resposta a essas questões é a de que compramos por estímulos emocionais e/ou regulados por controles externos a nós mesmos. Comprar compulsivamente é uma defesa psíquica, um modo de se proteger e aliviar tensão, ansiedade e outros estados emocionais que são sentidos como ameaçadores ou desagradáveis. Os compulsivos são pessoas com muita força de vontade e falta de autoestima e de habilidade para acalmar-se internamente.
Para trabalhar essa questão, se pergunte:
Por que eu quero comprar isso?
Qual é o seu gatilho para fazer compras? Você sente falta de algo específico na hora de se vestir e percebe que é hora de buscar determinado item na loja?
Ou compra porque estava se sentindo esquisita, com sensação de vazio que não sabia definir; por tédio, por raiva; porque quem estava com você no shopping estava comprando; por ter tido um dia difícil; para se recompensar; etc?
Um compulsivo costuma negar, atropelar, confundir todos esses sinais emocionais, não confia neles, não se sente merecedor de tratar-se dignamente e em geral responde à maioria dessas necessidades com algo externo – compras, por exemplo.
Como tirar nossos hábitos do automático?
Vejam bem que, pra minha feliz surpresa, um dos exercícios que ela propõe no livro é justamente fazer um diário de bordo, aquilo que eu costumo chamar de diário de compras!
O objetivo do diário é identificar seu padrão de compras e também os sentimentos e motivações envolvidos. Ela explica que “escrever significa acionar o córtex, nosso sistema mais nobre e elaborado, capaz de julgamentos, escolhas. É uma forma de sair do automatismo da resposta compulsiva e aprender a pensar, processar os sentimentos.”
Quando prestamos atenção às nossas emoções e ações, aprendemos a interpretá-los corretamente e os respeitamos. Assim, ao invés de tratar da ansiedade comprando mais uma bolsa e daí ficando mais ansiosa por conta de uma compra desnecessária, a gente encara nossos sentimentos de frente e vamos direto à origem do problema.
Você já se perguntou qual sua maior motivação para comprar uma roupa nova?
Comprar, para a muitos de nós, pouco tem a ver com o produto em si, ao contrário, é algo um tanto idealizado que significa ser mais feliz, realizado, bonito, ter sucesso, ser amado. A publicidade contribui muito pra essas associações, claro. Mas, depois que algumas tentativas de comprar felicidade numa loja de shopping, a gente logo percebe que essas expectativas não se concretizam.
O trágico nisso tudo é que essa mudança de foco nos rouba a energia (e, muitas vezes, inclusive o dinheiro!) que poderíamos usar para mudar aquilo que somos capazes de mudar.
É claro que esses processos são inconscientes, muitas vezes nem nos damos conta que estamos querendo resolver problemas maiores comprando uma bolsa nova. É importante lembrar também que esse comportamento não é algo típico só de shopaholics dignas de filmes, mas de todo mundo que compra por motivos emocionais e não racionais.
É fácil, mudar? Não é, né!? Mas existem caminhos pra sair desse ciclo. Existem, claro, casos que só a terapia resolve, mas também tem outros em que conhecer melhor o próprio estilo, identificar suas vontades e necessidades e reeducar seus hábitos, já resolve! E nesse segundo cenário, eu posso te ajudar!